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segunda-feira, 20 de junho de 2011

Um ensaio sobre a morte

O grande triunfo da vida é a morte. Pode parecer hipocrisia da minha parte, você deve estar pensando: "se mata, então", mas morrer cedo é como sofrer de ejaculação precoce. Por isso eu espero, prolongo o prazer de viver para o meu próprio deleite.
É engraçado falar da vida como uma fornicação, porque, veja bem, uso termos como se usasse metáfora, mas ela, de fato, é exatamente isso: uma grande orgia. É só sair na rua, ou abrir os olhos, ou mesmo de olhos fechados. As imagens se misturam, se encaixam, roçam umas na outras. Os sons também. O vento roça tua coxa, sussurra sacanagem no teu ouvido. E na escuridão, as sombras não escapam umas das outras.
Morrer é encontrar a transcendentalidade plena: bem aventurados os que perdem a consciência segundos antes de testemunhar que a morte é a perda da própria consciência, mas disso não se deve invejar, todos tem reserva na fila derradeira.

2 comentários:

Mônica Cadorin disse...

Fantástica comparação! É isso mesmo, mas as pessoas têm medo de dizer. A morte é o fim de toda vida, o destino de todos nós. Mas, enquanto não chegamos a ela, vamos gozando este mundo e a vida.
Adorei todos os textos que li. Você consegue condensar um imenso conteúdo em poucas palavras. Parabéns! Para mim, isso é a verdadeira poesia. Virei aqui mais vezes.
Um abraço

Haísa Lima disse...

Eu falei um palavrão BEM grande quando li esse. rs.
Uau. Você é genial.

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