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sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Sem sentido ou cem sentidos.

Eu sei, morena
Por um sexto sentido
Que tu me quer
Balançando essa saia de chita
Sentido horário, anti-horário
É sexta-feira, se excita

Sinta só, só sinta
Que dois sentidos
Não assam milho
Já dizia Seu Fulado
Fecha os olhos, então
Gato mia
Quero ser teu, ser tido
Sol sustenido
Que nesse descompasso
Desafino e desatino
No futuro dirão de um tempo
Em que todo louco era poeta
As sarjetas eram charmosas
Durante as madrugadas
E os velhos choravam a morte
De todas as moças mortas
Um tempo em que arte era ilusão
Aos olhos de um povo desiludido
E quem cantasse outro refrão
Arriscava ser engolido
Pelas mil quimeras de um nação
Que dormia no tempo decorrido

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Filosofia e a evolução.


Disseram-me outro dia que é uma inutilidade ou até mesmo uma tolice estudar filosofia, pois quem o faz é preso a conceitos ultrapassados, enquanto o certo é pensar coisas novas que serão facilmente aplicadas à realidade atual. O leigo que disse isso certamente não entende que filosofia não é arte, é ciência. Para seguir as artes existem dois caminhos: Ou o indivíduo nasce com o chamado “dom” ou se dedica à teoria e à prática visando se aproximar da perfeição. Quando se trata de uma ciência, não existe este primeiro caminho citado, restando como única alternativa o acúmulo de conhecimentos.                
Um homem que se dedicasse a matemática somente a partir de suas próprias descobertas, ignorando voluntariamente todo o avanço anterior, jamais chegaria longe, pois teria retrocedido toda evolução intelectual da humanidade. O mesmo se aplica aos químicos, aos físicos e, logicamente, aos filósofos.
Lembro-me bem quando ouvi um dançarino de dança moderna dizer que estudou balé para aprender dança moderna. Ou seja, para os que têm a pretensão de inovar, também é preciso conhecer o clássico. Essa necessidade deve-se ao fato de que toda inovação nada mais é do que uma desconstrução do tradicional.

domingo, 20 de novembro de 2011

Teu rosto é bonito
Mas também é finito
Eu me apaixonei
Foi pelo teu medo da morte.
De que vale o ontem
Se eu vivo o agora
Meu menino, te peço
Não vá embora

Em casa,
Tua mulher espera e chora
Por causa de um amor
Que explora mundo afora

Mas quem sou eu, Nossa Senhora
Pra competir com boemia?
Se, à noite, o marido demora
Arranjo amante n'outro dia
Para quem vive um paradoxo
O banal fez-se exótico.

Boca a boca

Escrevi coisas bonitas
Que amanhã me parecerão bobas
Hoje, é eternamente a tua
Amanhã, serão outras bocas

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Meu cérebro é tão pequeno
Que já se ocupa demais com o dia a dia
Ou nem isso, às vezes eu só durmo
Minha vida é tão cheia de aventuras
Quanto a de qualquer outro moribundo

domingo, 16 de outubro de 2011

Eu amo primeiro pra depois amar.
Você olha para algumas pessoas e percebe o quanto são imbecis. Mas é questão de tempo, daqui a cinco ou seis anos, estarão mais maduros, críticos e inteligentes, você pensa, mas se esquece que há cinco ou seis anos havia dito para si a mesma coisa sobre estas mesmas pessoas. É como se estivéssemos marcados, parte de nós está voltada à racionalidade, ao questionamento e à produção, enquanto a outra metade é presa às banalidades, ideias pré-estabelecidas e facilidades quotidianas.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Três passos para a felicidade

Só é feliz quem já sofreu
Pois só os personagens
Dos mais trágicos romances
Aprendem a não se importar.

Para os que o sol apenas brilha
Não será ensinada
A grande lição de ignorar

Só é feliz quem já pecou
Não uma ou duas vezes
É preciso ser um constante pecador

A resistência é o maior dos martírios
E um desejo oprimido sobre as costas
Pesa mais que cem atos impuros

Só é feliz quem tem segredos
Quem não os tem
Nunca amou
Porque o amor é
Antes de tudo
Um sigilo absoluto

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Amar,
Duro cimento
Amadurecimento
O mundo acontece nas emissoras e eu estou presa do lado de fora da televisão.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Puro acaso, por acaso.

Sentido é ilusão
Mundo é puro acaso
Devir é perceber
Quão perfeito é
O homem-vegetal
Que sempre foi
Sem saber ser
Cognoscente natural

domingo, 4 de setembro de 2011

A fórmula da felicidade

Amor
Cidade
A mocidade

...

Falar de amor é para os fracos
E é melhor parar por aqui
Porque hoje me sinto debilitada.

C'est sur, ma belle!

Só existem dois tipos de beleza: A beleza óbvia e a beleza implícita. A primeira me entedia e a segunda me fascina. Discutir sobre estética é algo deveras complexo para quem conseguiu se libertar destes conceitos pré-fabricados, contudo defendo o que eu penso com unhas e dentes, mesmo tendo a convicção de que o que eu penso nada mais é do que o que eu penso.
A beleza óbvia, como o próprio nome já diz, é percebida ao primeiro olhar, pode até tirar-te o fôlego em alguns casos, mas deve ser apreciada uma única vez. Um conselho que dou é nunca observar demais estas pessoas, caso não queira mudar de opinião, pois quando mais olhares mais descobrirás os pequenos defeitos que para os extasiados do primeiro encontro passam despercebidos, porém, uma vez que seus olhos estejam mais atentos, são capazes de formar uma caricatura horrenda.
A verdadeira beleza é aquela que se descobre aos poucos, que a primeira vista não damos nada por ela, mas depois, basta um sorriso com covinhas, um tom de fala, um gesto que se repete, que juntos foram a orquestra mais harmônica que pode existir. Neste caso sim, é preciso tomar cuidado, pessoas assim costumam ser um cativeiro para as presas fáceis do amor.

*C'est sur, ma belle: É claro, minha linda.

sábado, 20 de agosto de 2011

O filósofo e a libertina: Um breve diálogo sobre o amor

O filósofo: Pergunto-me sempre
O que viste em mim?
És tão bonita
Que a lua te inveja
Tens lá teus defeitos
Não aprecias boa arte
Ignoras metafísica
Mas, talvez eu afirme
Pensar por nós dois
E, talvez fosse isto
Que te amarrou a mim

A libertina: Doce quimera!
Quem nada pensa
Não reconhece o intelecto
Mesmo quando este
Sussurra ao seu ouvido

O filósofo: Chamam-te moça
Creio que só por viveres a mocidade
Ou mesmo por pura ironia
Pois vi bem quando lá estive
Pelo modo em que me acolhera
Certamente não fui o primeiro

A libertina: Se explicação é o que queres
Meu menino, eu procurava
Aquilo que chamam amor
E encontrava apenas
Aquilo que chamas banal
Não me deste amor
Porém jamais me ofereceste banalidade
Assim, dei-me por satisfeita

O filósofo: Caíste aos meus pés
E beijou-me
Este beijo que me causa repulsa
Por ter o gosto de legiões inteiras
E me enoja ainda mais
Quando dizes que pertencem a mim apenas
Respondo, então, que vás embora
Que entre mil casos
Não quero ser o sorteado

A libertina: Por não desejares a fêmea mais desejada
Teus pontos aumentaram
E tu serás o motivo do meu pranto
Pelos próximos sete dias e sete noites

O filósofo: Perdoa-me se não me acostumei
A falar com o coração
Sob ameaça de um cair da tua lágrima
Me arrisco a tentar:
Admito que dormi no teu mar
E tua maré me levou
Para provar que padeço arrependido
De tudo aquilo que tenho dito
Eu, que jurei nunca te escrever cartas de amor
Dedico-te a maior das minhas poesias

terça-feira, 26 de julho de 2011

Pra não pedir perdão

Até Romeu, se ouvisse o que ouviste
Deixaria Julieta no primeiro porto
Aos cuidados de qualquer marinheiro

Sorte, fui eu quem tive
Ao saberes que o mar é violento
E que a baía ao meu lado
É três vezes mais segura

terça-feira, 28 de junho de 2011

Três estrofes para a vida

Nada me importa
Rima ou simetria
Sob efeitos do álcool
Pensar me dá ânsia

Só penso no mundo
Divido em nações
E no meu coração
Partido em pedaços

Você, que sempre achou
Esse país pequeno
Sabe bem, não é fácil
Amar para quem teve
O coração em retalhos

segunda-feira, 20 de junho de 2011

k

Teu verso doce
Quando chega em mim
Já amargou

Me espera
Que fazer sentido
Não é coisa pra mim
Quero é fazer amor

Um ensaio sobre a morte

O grande triunfo da vida é a morte. Pode parecer hipocrisia da minha parte, você deve estar pensando: "se mata, então", mas morrer cedo é como sofrer de ejaculação precoce. Por isso eu espero, prolongo o prazer de viver para o meu próprio deleite.
É engraçado falar da vida como uma fornicação, porque, veja bem, uso termos como se usasse metáfora, mas ela, de fato, é exatamente isso: uma grande orgia. É só sair na rua, ou abrir os olhos, ou mesmo de olhos fechados. As imagens se misturam, se encaixam, roçam umas na outras. Os sons também. O vento roça tua coxa, sussurra sacanagem no teu ouvido. E na escuridão, as sombras não escapam umas das outras.
Morrer é encontrar a transcendentalidade plena: bem aventurados os que perdem a consciência segundos antes de testemunhar que a morte é a perda da própria consciência, mas disso não se deve invejar, todos tem reserva na fila derradeira.

sábado, 4 de junho de 2011

...

Sonhei contigo hoje pra te lembrar

Que mesmo dormindo em outros braços

Os meus sonhos continuam iguais

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Não poder te amar é ser poeta e estar condenado a viver em prosa

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Eu não sei exatamente se é bom ou ruim

Esquecer-me e lembrar-me deste amor

Como quem põe uma roupa para lavar

E veste-a novamente

Carta pra você que eu escrevi só pra mim.

Eu só quero dizer que te amo sem dizer "eu te amo"

Essas três palavras compactam meu amor

E há muito que eu sei o quão pleno ele é


Mas não leias isto, por favor

Ou saberás que meu amor é servil por inteiro

Ou saberás que falta amor no mundo

Porque eu furtei grandes porções e te dei