Recentes

terça-feira, 3 de julho de 2012


Chama-se metalinguagem
O marco de decadência do poeta
Pois quando a poesia foge
Fala-se dela na esperança de que volte.

Não pensem, pois
Que esta seja exclusividade 
Do mau poeta 
Porque a poesia é uma fêmea indomável
E quando tentam se apossar dela
Ela vai embora pra nunca mais. 

Sobre a poesia oculta

Imagem: STRANDED por Gesell

Há um poema que nunca será versado
A representação do lirismo em símbolo
D'um corpo feminino nu em pelo
Que pelos sentidos cultiva

Corpo Policultor,
Mil acordes hão de tentar
Dizer-te de dó a si
Dedos hão de calejar
Na vã tentativa de descrever-te
Sobre o lençol.
Ônus que cativa,
Temem-te como inimigo de tão tentador
Até que o inimigo dá abrigo
E multidões se perdam neste paradoxo

Mas para dizê-lo
É preciso pensá-lo
E quando tal imagem emerge à mente
Evaporam-se noções
Como as que exigem a linguagem
Para que cada célula pare 
Num gesto de reverência e contemplação
Ao que é sinônimo de não-sei-o-quê
Que até hoje não se pôde dizer. 


segunda-feira, 2 de julho de 2012


Outrora andarilho trilhava o caminho
face, seios, costas, ventre, coxas e sexo
Não como quem viaja e aprecia a paisagem
Mas como quem, nauseado pelo tedioso percurso
fazia-o exclusivamente por visar o destino.
Soube que te amava quando,
com intimidade ímpar,
pude atingir teu sexo sem cerimônias
E após prová-lo fiz por vontade própria
o caminho contrário:
sexo, coxas, ventre, costas, seios e face
como se cada um oferecesse um gozo único.
E não me surpreendi ao descobrir que ofereciam, de fato.
Agora, te amando desse jeito torto e descomedido
desafio quem ainda duvida
que seja infinito o que me dá sentido.