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quinta-feira, 17 de janeiro de 2013





Sentada no quintal no fim da tarde
Cai uma garoa e me lembra
Como era gostoso fumar ali
Meus fantasmas me assombram
As Brisas passam ligeiras
De patins, de patinete
Essa letra maiúscula confunde
Remete ao Simbolismo e me lembra
Como era gostoso fumar ali
Lembro-me também
O quanto esperava a maior idade
Como se os raios de sol do décimo oitavo verão
Queimassem tudo aquilo que me prende
Mas a mim, que cheguei a pensar
Que havia uma personalidade ímpar,
Restou-me apenas o medo
Ao qual estão fadados todos os incrédulos
O medo do tempo esgotado
Da morte trágica que pode chegar amanhã
Ou da morte trágica da velhice
Porque a tragédia parasita a morte e não o tempo
E na colônia dos pequenos entre miúdos
Nós, os ignóbeis, somos a base dessa cadeia
Enquanto as promessas feitas de mim para eu mesma
São adiadas cada vez com mais frequência
Enquanto os sonhos faustosos
São esmiuçados até que caibam no meu quarto
A casa, que deveria servir de abrigo
É o mausoléu onde sepultei tudo que fui
Junto a tudo que lamento por não ter sido
Por isso, concentrar-me tornou-se tarefa difícil
Diante de tudo que me é desinteressante
Eu sou a única aderente ao escapismo que foge para o futuro.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Que azar ter tido a sorte de te encontrar.

         
     






                                                       
























                                                                                                                                          E te perder.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013


Como não falar em capital
Se casar é abrir o negócio
Desentendimento é preço de custo
A vida que se leva é o preço de venda
Dar certo é como sair lucrando

Sou aspirante à economista, pequena
Não me julgue por tentar reduzir os custos
Se você me escolheu pra ser
Seu investimento em longo prazo.   

Necessidades nunca são satisfeitas plenamente
Seja a sede pela água ou pela saliva alheia
E a dor é conseqüência que acompanha
Ambientalistas que de tão tontos
Tentam salvar a natureza semeando plantas
Evitando queimadas e preservando leitos de rios
Deveriam se preocupar com a natureza humana
Esta maldita que nunca poupou ninguém
E nas obscuridades do inconsciente
Sem objetivo ou descanso
Fez-se algoz ao me endereçar a dor do querer
Schopenhauer percebeu isso antes de mim
E acrescentou que, embora impossível
A satisfação plena jamais fora solução
Pois ao seu lado, qual sombra
Carrega junto a si o sentimento do tédio
Mas não quero discutir filosofia em versos
Apenas fazer o epílogo do meu tédio
Ou da minha dor
Pra que fossem compreendidos no mesmo trajeto
Em que eu mesma os compreendi:
Eu encontrei tudo que eu queria
O que me sacia em todos os quesitos que o amor pode ansiar
E se me apetecia algo cujas competências do meu par não alcançam
Não por incapacidade, mas por independência
Tal desejo virou plasma e sucumbiu
De modo que não poderia sequer citar exemplos
Pois a memória não alcança mais
Foi então que ele chegou a mim como um adultério
E para que o tédio não me definhe
Eu me proponho, às vezes, à dor de te perder por um segundo
Como quem só pode se apoiar em um pé
Então oscila entre os dois
E muitos talvez perguntem “Que amor é esse?”
Mas não ousariam dizer que não seja amor
Porque se culpa é minha, não é por falta
Mas por excesso.






Conheci uma mulher forte
Que ao custo do próprio suor
Acordara mil membros da inércia
Chamaram-na puta sem saber
Que como muitas putas
Deveras odiava o ofício do prazer
Mas concebia o gozo aos desventurados
Aos desfigurados, aos mendigos, aos insanos
Aos de falo hipo e aos de falo hiper
E todos mais que pudessem intimidar
A libido de uma dama mais frágil
Ela, de humilde, se entregava muda
Sabia que de todos os pecados juvenis
Aqueles, de quando ainda negava parceiros
Seriam pelo seu Senhor perdoados
Assim que todos os mortais gozassem
O prazer de ter pecado