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quarta-feira, 27 de abril de 2011

Eu já não escrevo como antes

As palavras perderam a importância

Nem sei de que lado estou

Eu me esforço debalde

Também não sei o que pode ser aproveitado

Ou o que deve ser jogado fora

Mas desconfio que esses últimos versos

Pertencem apenas a este caderno.

domingo, 17 de abril de 2011

A morte do cangaço

Do chão rachado do sertão
Nasceu o cangaceiro
Que só troca a espingarda da mão
Pelo seio da morena bonita
Se hoje não existe mais cangaço
A culpa é das meninas de outrora
Quando no Nordeste não usavam soutian
E os namorados só se encontravam de manhã
O que era uma tábua, fez-se mamão
E dos homens do cangaço
Ocupou todas as mãos.
Acordo antes do sol
Canto antes do galo
E se a madrugada é minha amiga
Diante da lua eu não me calo

quinta-feira, 31 de março de 2011

Amor próprio

Tire um terço de todo apreço que te tenho
Aplique-o a ti mesmo
E sentirás-te superior a todo o mundo
A ponto de não achar quem seja
Merecedor do teu amor

terça-feira, 15 de março de 2011

O mundo segundo Pitágoras

Antes mesmo de Adão e Eva

O acontecimento narrado agora

É anterior a decida do Messias a Terra

Neste tempo tão distante

Existiam apenas dois algarismos

Dois e Quatro eram eles

Que reinavam num abismo paradisíaco

Como é natural acontecer

Onde um par sozinho se encontra

Escolhas não podem ser feitas

Eis então que surge

Uma paixão recíproca

O Dois pôs-se de dizer:

- Soma-me ou multiplica-me por mim,

Serei sempre tu.

Os olhos do Quatro brilhavam

E docemente respondia:

- Metade de mim és tu,

A outra? Também.

Sendo números ancestrais de coelhos

Em sua primeira gestação

O Quatro deu luz a oito filhos

Isso não é só mitologia

Muito mais do que matemática

Ou vã filosofia

Quem for cético, pode conferir

Nos dedos a prova há de existir

E não fiquem atônito ao perceber

Que nas mãos de um mortal

O infinito pode sim, caber.