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quarta-feira, 9 de janeiro de 2013




Conheci uma mulher forte
Que ao custo do próprio suor
Acordara mil membros da inércia
Chamaram-na puta sem saber
Que como muitas putas
Deveras odiava o ofício do prazer
Mas concebia o gozo aos desventurados
Aos desfigurados, aos mendigos, aos insanos
Aos de falo hipo e aos de falo hiper
E todos mais que pudessem intimidar
A libido de uma dama mais frágil
Ela, de humilde, se entregava muda
Sabia que de todos os pecados juvenis
Aqueles, de quando ainda negava parceiros
Seriam pelo seu Senhor perdoados
Assim que todos os mortais gozassem
O prazer de ter pecado

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

A poesia, quando é suja
Assim é de uma sujeira natural
Que não afoga feromônios no chuveiro
Nem os economiza durante o Carnaval
A poesia suja
Tem pena dos punheteiros
De punhetas invisíveis
Dos que não descobrem o próprio corpo
E se restringem ao trivial
A poesia suja
Assusta, mas derrete na boca
Como faz o primeiro orgasmo

terça-feira, 3 de julho de 2012


Chama-se metalinguagem
O marco de decadência do poeta
Pois quando a poesia foge
Fala-se dela na esperança de que volte.

Não pensem, pois
Que esta seja exclusividade 
Do mau poeta 
Porque a poesia é uma fêmea indomável
E quando tentam se apossar dela
Ela vai embora pra nunca mais. 

Sobre a poesia oculta

Imagem: STRANDED por Gesell

Há um poema que nunca será versado
A representação do lirismo em símbolo
D'um corpo feminino nu em pelo
Que pelos sentidos cultiva

Corpo Policultor,
Mil acordes hão de tentar
Dizer-te de dó a si
Dedos hão de calejar
Na vã tentativa de descrever-te
Sobre o lençol.
Ônus que cativa,
Temem-te como inimigo de tão tentador
Até que o inimigo dá abrigo
E multidões se perdam neste paradoxo

Mas para dizê-lo
É preciso pensá-lo
E quando tal imagem emerge à mente
Evaporam-se noções
Como as que exigem a linguagem
Para que cada célula pare 
Num gesto de reverência e contemplação
Ao que é sinônimo de não-sei-o-quê
Que até hoje não se pôde dizer. 


segunda-feira, 2 de julho de 2012


Outrora andarilho trilhava o caminho
face, seios, costas, ventre, coxas e sexo
Não como quem viaja e aprecia a paisagem
Mas como quem, nauseado pelo tedioso percurso
fazia-o exclusivamente por visar o destino.
Soube que te amava quando,
com intimidade ímpar,
pude atingir teu sexo sem cerimônias
E após prová-lo fiz por vontade própria
o caminho contrário:
sexo, coxas, ventre, costas, seios e face
como se cada um oferecesse um gozo único.
E não me surpreendi ao descobrir que ofereciam, de fato.
Agora, te amando desse jeito torto e descomedido
desafio quem ainda duvida
que seja infinito o que me dá sentido.