Logo ele, que zombava dos amigos que se diziam apaixonados, estava ali, na minha frente, me oferecendo uma carta de amor, que havia mais corações desenhados do que palavras escritas e junto com ela uma linda pulseirinha de artesanato, baratinha, aposto, mas se você conhecesse o Marco como eu conheci, saberia que ele era um pobre fodido e se perguntaria de quem ele roubara aquilo. Não é exagero, passei todos os intervalos com ele durante 3 meses e nunca o vi com uma moeda furada. Os seus olhos imploravam para que eu os recebesse com agrado. Aceitar aquilo era o mesmo que aceitar seu coração.
E eu estava sozinha demais para recusar.
Depois eu fui embora do país dele, não era o meu lugar, voltei pra casa, não disse nem “tchau”. Por outro lado, não tive culpa, Marco sempre fora um socialista forçado, não tinha celular nem acesso a internet, tudo isso no final de 2009, parece improvável, mas acontece.
Menos de um mês depois de ter chegado, estava eu no banco de uma praça conversando e mexendo na tal pulseira quando ela se partiu e todas as continhas se espalharam pelo chão de um jeito que seria impossível o resgate de todas. Senti muito.
O que me levou a escrever sobre tudo isso foi que, na semana passada, olhando umas barracas de artesanato eu vi, entre tantas, uma única pulseira idêntica à que o Marco me deu. Quase havia me esquecido o quanto ela é linda! Paguei oito reais para apagar da minha memória o dia em que quebrei aquela pulseira e a levo comigo como se nunca tivesse saído do meu braço. Quem me dera achar por aí também um coração à venda, assim faria o mesmo, o compraria e colocaria no lugar do que parti quando voltei.
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1 comentários:
Eu te amo.
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