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sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Confissões de um coração ateu

Quando eu era criança e fazia maquete de fazendinha pra brincar a tarde inteira, eu cheguei a conclusão de que o mundo era uma maquete igual à minha, só que em um proporção muito maior, onde deus - ou seja lá como você o chama – fazia conosco o que bem queria e às vezes satanás aparecia pra sacanear com ele. Que droga, eu pensava, tudo que eu faço é porque deus quer, eu não tenho livre arbítrio, eu brinco de fazendinha toda tarde porque deus decidiu e quando eu não quiser mais fazer isso, é porque deus decidiu antes de mim. Isso fazia eu me sentir angustiada e me sentir angustiada por causa disso fazia eu me sentir completamente doida. Foi então que eu resolvi – eu, não deus – acreditar na não existência de deus. Mas e se deus existisse? E se eu fosse pro inferno? Eu não queria queimar eternamente, mas se tudo que dizem por aí é verdade, o céu também é um lugar chato pra cacete.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Os poemas que não mandei

Eu te escrevo cartas e poemas que nunca mando, mesmo assim, são todos mentirosos. Então, direi aqui as verdades que você não precisa saber; acho que te amo, mas não sou só sua quanto aparento ser. Não sei como parar de beijar as bocas que sempre beijei – ou desejar as que ainda beijarei - nem quero saber. Mil sinceros perdões, mas eu não quero mesmo aprender. Você não quer que eu diga ‘eu te amo’, mas o que mais tenho pra dizer? Se eu te amo, eu te amo. Porque eu te amo, eu te amo como nunca amei ninguém, porque nunca amei mais ninguém. O velho disse que amor é como orgasmo, ninguém vai saber te explicar, mas você saberá quando sentir. E é verdade, porque eu sinto, amor. Eu sinto amor.
Não me chegue reclamando
Eu já disse que não ando em bando
Se tá bagunçado
É porque eu to arrumando
Meu castigo é viver nessa casa de marimbondos
Ferrão que me atinge bem lá no fundo
Nem perca tempo com discurso vagabundo
Desse enxame não sou oriundo

domingo, 8 de agosto de 2010

Eu não tenho tempo para ouvir todos estes discos
Na minha estante envelhecem livros que eu nunca folheei
Enquanto aos filmes do bom gosto
Que os vejam quem estiver disposto
Mas em mim nunca pousou amor maior
Que a minha vontade de amar

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Amor profano

Se amor profano matasse
Do inferno eu seria freguês
Compraria tua alma à prestação
Pra te ter aos poucos
E ser tua de uma vez
Mas eu sou artista que no teu palco não atua
Dispenso traje
Fico nua
Entregando-me à embriaguez

Prefiro sentir dor a sentir poesia
Se não tenho a ti
Tenho a boemia

Não sei fazer soneto
Mas garanto
És a razão do meu pranto